Cabrini: A História da Fé e da Coragem Agora Retratada em Filme

Cabrini: A História da Fé e da Coragem Agora Retratada em Filme

Cabrini: A História da Fé e da Coragem Agora Retratada em Filme

O filme Cabrini, realizado pelo cineasta Alejandro Monteverde, o mesmo realizador de O Som da Liberdade, retrata a belíssima e ousada história de Francesca Xavier Cabrini, a primeira cidadã americana canonizada pela Igreja Católica e reconhecida como Padroeira dos Imigrantes.

A Madre Cabrini foi uma religiosa italiana que consagrou toda a sua vida missionária ao cuidado dos pobres, especialmente dos imigrantes e das crianças órfãs. O seu percurso foi um autêntico testemunho de fé robusta, determinada e profundamente orientada para o serviço evangélico. Com um coração acolhedor e uma mente empreendedora, edificou um verdadeiro império de solidariedade e esperança. Apesar da sua fragilidade física, o seu espírito era vigoroso, e lutou com coragem, desafiando preconceitos e rejeições iniciais.

Quando a Madre Cabrini chegou a Nova Iorque, em 1889, a sua presença não foi bem acolhida. As autoridades locais, incluindo as eclesiásticas, mostraram pouco interesse pelas suas actividades pastorais e tentaram desencorajá-la desde o início. Contudo, mesmo perante tais contrariedades, decidiu permanecer ao lado dos imigrantes italianos.

A sua escolha de permanecer deveu-se ao amor pelos imigrantes italianos, que viviam nos Estados Unidos em condições precárias. Com coragem, Cabrini enfrentou o racismo, a xenofobia, a pobreza extrema e a falta de acesso à saúde e à educação, conquistando a confiança desta população marginalizada pelo desleixo social.

A sua missão, para além de todos estes desafios, tornava-se ainda mais dramática devido à barreira cultural e linguística. A Madre Cabrini chegou aos Estados Unidos sem dominar fluentemente o Inglês, o que dificultava sobremaneira o diálogo com as autoridades locais, os benfeitores e a população. Teve de assimilar a nova cultura e língua sem jamais perder a sua identidade italiana e católica.

Mesmo sendo uma irmã consagrada, a Madre Cabrini nem sempre contou com o apoio dos membros da hierarquia da Igreja. Alguns bispos e sacerdotes viam com desconfiança o protagonismo de uma mulher em obras missionárias de grande envergadura. Teve de enfrentar, com fortaleza, coragem e audácia, a resistência institucional e as disputas internas para manter vivos os seus projectos de auxílio humanitário.

Cabrini lutou com coragem e enfrentou muitos limites, mas confiou plenamente nos recursos da Divina Providência. Como ela própria dizia:

«Tudo posso n’Aquele que me conforta.»

Com o crescimento da sua congregação e das suas obras sociais, a Madre Cabrini viveu momentos intensos de pressão, tendo de gerir o seu tempo entre o trabalho missionário e a vida espiritual. As suas obras espalharam-se por diversos países, exigindo decisões administrativas difíceis. Tal carga agravou os seus problemas de saúde, mas a sua visão permaneceu firme e determinada.

Mulher forte e à frente do seu tempo, demonstrou que, embora a Igreja seja constituída por pecadores, nos santos resplandece a santidade da Igreja. A sua fé brilhou numa época em que as mulheres tinham pouca voz na esfera pública e religiosa, revelando a grandeza da sua missão. Venceu a discriminação, conquistando o respeito como líder, fundadora e gestora. Mesmo perante críticas e resistências, respondeu com competência, santidade, firmeza, ousadia e fé.

A sua actividade missionária decorreu num período histórico de guerras e instabilidade social, marcado pela imigração em massa, pela pobreza urbana e pelas epidemias. Os seus projectos sociais tornaram-se um refúgio e uma resposta providencial aos sofrimentos humanos do seu tempo.

O ardor missionário levou a Madre Cabrini a viver grande parte da sua vida longe da sua terra natal. Viveu como imigrante, experimentando o exílio, a saudade e a dor do distanciamento. Esta dor gerou nela uma empatia ainda maior para com os imigrantes que servia.

A Madre Cabrini respondeu a todos estes desafios com oração, santidade, estratégia, coragem e caridade incansável. Ultrapassando os seus limites humanos, foi fortalecida pela graça divina. Este exemplo vivo, testemunhado mais pelas obras do que pelas palavras, está retratado no filme Cabrini, disponível na plataforma Rakuten TV.

Já assistiu ao filme Cabrini? Caso ainda não tenha assistido, fica aqui um belo convite para edificar a sua fé.

A Infância da Madre Cabrini e a sua Vocação Religiosa

Maria Francesca Cabrini nasceu a 15 de Julho de 1850, na cidade de Sant’Angelo Lodigiano, na região da Lombardia, Itália. Filha de uma família camponesa profundamente devota, com muitos irmãos, desde cedo demonstrou grande sensibilidade espiritual e um profundo anseio pelas coisas de Deus.

Após a morte dos seus pais, Francesca procurou ingressar nas ordens religiosas tradicionais para responder ao chamamento de Deus, mas foi rejeitada várias vezes devido à sua saúde frágil, consequência de uma tuberculose contraída na juventude.

Apesar das rejeições, permaneceu firme no seu propósito vocacional e, em 1877, com 27 anos, foi finalmente admitida à profissão religiosa no Instituto das Filhas do Sagrado Coração de Jesus. Aí, professou os votos e escolheu o nome Irmã Francesca Xavier Cabrini, em homenagem ao grande missionário São Francisco Xavier.

Fundação das Missionárias do Sagrado Coração de Jesus

Em 1880, com o incentivo de Dom Giovanni Battista Scalabrini, Bispo de Piacenza e defensor dos migrantes, a Madre Cabrini fundou o seu próprio instituto: as Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, com a missão de cuidar dos pobres, dos doentes e, sobretudo, da educação cristã das raparigas. Inicialmente, o instituto estabeleceu-se na cidade de Codogno.

A congregação cresceu rapidamente, mas o grande sonho da Madre Cabrini era evangelizar a China, como missionária, imitando os passos de São Francisco Xavier. Contudo, durante uma audiência com o Papa Leão XIII, recebeu a orientação:

«Não para o Oriente, minha filha, mas para o Ocidente.»

A Madre Cabrini respondeu com humildade:

«Santo Padre, eu irei.»

Missão nos Estados Unidos

Em 1889, a Madre Cabrini partiu com seis religiosas rumo a Nova Iorque. O cenário era caótico: mais de 400 mil imigrantes chegavam aos Estados Unidos, muitos deles italianos, mas também irlandeses, alemães, judeus e chineses. Bairros como o Lower East Side e o Little Italy estavam sobrelotados, com cortiços insalubres, sem saneamento, e populações a viver em condições miseráveis.

Encontrou um ambiente carente de tudo: habitação digna, saúde, trabalho justo. Mulheres e crianças eram exploradas com salários indignos. A ausência de políticas públicas de assistência social fazia com que a Igreja fosse a única fonte de apoio.

A Madre Cabrini iniciou a sua missão abrindo escolas, orfanatos, hospitais e abrigos. O seu primeiro projecto foi o Orfanato de São Carlos, com o objectivo de acolher crianças italianas abandonadas.

Dizia:

«Onde houver necessidade, aí estarei com as minhas irmãs. As crianças são os pequenos do Sagrado Coração de Jesus, e é a Ele que servimos em cada uma delas.»

Com uma mente empreendedora e sabedoria divina, Santa Cabrini expandiu as suas actividades por cidades como Chicago, Nova Orleães, Filadélfia, Los Angeles e Denver.

Cidadania Americana e Legado

Em 1909, tornou-se cidadã norte-americana. O governo reconheceu o seu trabalho incansável junto dos imigrantes, especialmente italianos, nas áreas da educação, saúde e assistência social. Embora italiana de nascimento, Cabrini abraçou os Estados Unidos como terra de missão.

Fundou, ao longo da sua vida, 60 instituições de solidariedade nos Estados Unidos, América Latina e Europa.

Espiritualidade e Carisma

Cabrini tinha uma confiança íntima na Providência Divina e uma forte devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Dizia:

«O Coração de Jesus é o lugar onde encontro força para tudo.»

A sua vida de oração era intensa, com Missa diária, Terço, Liturgia das Horas e meditações.

Acreditava que:

«Sofrer por Cristo é uma graça; e sofrer com alegria, um privilégio.»

Via Cristo nos pobres e obedecia com humildade à Igreja:

«Obedecer ao Papa é obedecer à vontade de Deus.»

Morte e Canonização

Apesar da sua saúde frágil, trabalhou até à exaustão. Morreu aos 67 anos, a 22 de Dezembro de 1917, em Chicago, vítima de complicações cardíacas. Foi canonizada em 1946 por Pio XII e proclamada Padroeira Universal dos Imigrantes em 1950.

 

Que a vida de Santa Francesca Xavier Cabrini nos inspire a quebrar barreiras e a viver o Evangelho com fé, compaixão e responsabilidade social, confiando sempre na Providência Divina.

quarta, 14 de maio de 2025