Fé que moveu o Vaticano: a Beata Maria do Divino Coração e a consagração do mundo

Fé que moveu o Vaticano: a Beata Maria do Divino Coração e a consagração do mundo

Fé que moveu o Vaticano: a Beata Maria do Divino Coração e a consagração do mundo

Há alguns meses, temos vindo a percorrer um belo caminho de conhecimento e crescimento através da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, objecto de amor e contemplação de muitos santos como Santa Margarida Maria Alacoque, Santa Gertrudes de Helfta e São Cláudio La Colombière, que tiveram experiências muito fortes de proximidade com o próprio Senhor.

Entre estes santos que viveram a espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus encontra-se a Beata Maria do Divino Coração, e temos a alegria de possuir uma relíquia sua no nosso Santuário.

Beata Maria do Divino Coração

Maria Anna Johanna Franziska Theresia Antonia Huberta Droste zu Vischering ou, simplesmente, Beata Maria do Divino Coração foi uma religiosa alemã nascida em 1863, no dia da Festa da Natividade de Nossa Senhora (8 de Setembro). A sua família era extremamente católica e tornou-se conhecida pela sua profunda fidelidade a Deus e à Igreja.

A vida da querida beata é considerada um grande milagre, pois nasceu com uma doença que levou a que fosse baptizada imediatamente após o nascimento, para que a graça da filiação divina lhe fosse conferida. Mais tarde, a sua mãe contou-lhe que o dia do nascimento dos filhos - a Beata Maria tinha um irmão gémeo - foi um dia de grande consolo para a alma e de uma imensa alegria sobrenatural que nunca antes tinha sentido.

Segundo a sua biografia, desde muito nova, a Beata Maria sentiu-se atraída pelo Sacratíssimo Coração de Jesus e essa atracção fez com que 'se apaixonasse' por Jesus e desejasse entregar a sua vida completamente a Ele enquanto religiosa.

Sagrado Coração de Jesus e Eucaristia

No entanto, um aspecto importante na devoção da beata era que esta estava sempre ligada ao Santíssimo Sacramento. "Nunca pude separar a devoção ao Coração de Jesus da devoção ao Santíssimo Sacramento; e nunca serei capaz de explicar como e quanto o Sagrado Coração de Jesus se dignou favorecer-me no Santíssimo Sacramento da Eucaristia", ensinava.

Entre o dia em que recebeu a Primeira Comunhão e o dia em que recebeu o Sacramento da Confirmação, Maria Droste teve experiências muito belas ao ouvir o Senhor através da Palavra proclamada e da Adoração Eucarística. Num desses momentos, ela fez uma reflexão muito importante que mudaria a sua maneira de viver a devoção da qual se tornou tão ardente divulgadora: "Comecei a compreender que sem espírito de sacrifício o amor ao Coração de Jesus não passa de uma ilusão”.

A vida religiosa

Em 1883, Maria teve uma locução interior de Jesus que foi crucial para o seu discernimento vocacional. Na experiência mística, ela ouviu o próprio Jesus dizer-lhe: "Tu serás a esposa do Meu Coração!". Alguns anos mais tarde, numa nova locução interior, ouviu: "Tens de entrar no Convento do Bom Pastor". Desde então, tomou passos concretos para se tornar religiosa, entrando no noviciado do Convento do Bom Pastor em Münster.

Foi nesse momento que ela recebeu o hábito e o nome religioso que carregaria consigo aquela que seria a sua maior missão: Irmã Maria do Divino Coração. Uma curiosidade: no mesmo dia em que ela recebia o hábito na sua congregação, Teresa do Menino Jesus recebia o hábito carmelita em França.

A sua missão teve um desenvolvimento especial aqui em Portugal, para onde foi enviada em 1894. "Sinto‑me tão portuguesa, que não me importo com tanto desconforto, tanto frio e tanta humidade", declarou a Irmã Maria, que dedicou a sua vida ao cuidado dos jovens mais desfavorecidos.

Beata Maria e o Papa Leão XIII

Numa outra revelação interior, a Irmã Maria recebeu de Jesus a instrução de escrever uma carta ao Papa Leão XIII, pedindo a consagração da humanidade ao Seu Sagrado Coração.

Na primeira carta, a religiosa disse ao Santo Padre que o Senhor tinha prolongado a vida do Papa, curando-o de uma grave doença, para que ele realizasse tal consagração. Mais tarde, a Irmã Maria enviou outra correspondência que tocou profundamente o coração de Leão XIII, que pediu que fosse estudada a possibilidade, do ponto de vista teológico, de consagrar o mundo inteiro ao Coração de Jesus - incluindo aqueles que não pertencem ao número dos fiéis da Igreja. A resposta para a dúvida do Papa veio através de uma citação de Santo Tomás de Aquino na sua Suma Teológica: “Tudo está submetido a Cristo quanto ao poder, se bem que nem tudo ainda lhe seja submetido quanto ao exercício desse poder”.

Assim, em 25 de Maio de 1899, o Papa publicou a Encíclica Annum Sacrum na qual marcou a consagração da humanidade ao Sacratíssimo Coração de Jesus para o dia 11 de Junho desse mesmo ano.

A Irmã Maria do Divino Coração morreu na véspera deste grande acto, a 8 de Junho, tendo cumprido aquilo que o Senhor lhe tinha pedido, sendo uma fiel esposa, devota e divulgadora da devoção ao Sagrado Coração. Foi então beatificada, em 1 de Novembro de 1975, pelo Papa São Paulo VI.

Beata Maria do Divino Coração, intercedei por nós, para que sejamos dignos devotos do Coração Sagrado de Jesus.

Sexta, 19 de Janeiro de 2024